quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

COITADA DA FAMÍLIA INALT


Aos prantos, as irmãs entraram pelo corredor do Pronto Socorro perguntando, desesperadas, pelo Paulinho, seu primo mais querido. Elas receberam um aviso de que ele havia sido atropelado, mas que não havia risco de vida. Foram apenas ferimentos leves. Mas elas não acreditavam nas informações. Precisavam ver o Paulinho, falar com ele, ter certeza que tudo estava bem com o companheiro de infância tão querido. 

Marília e Neide ficaram sentadas junto ao balcão da enfermaria com aquele olhar aflito de quem espera por notícias e corre na direção no primeiro ser de branco que passa por ali.

Não conseguindo ficar parada, Neide, a mais agitada, ia de um lado para o outro do corredor, sempre perguntando sobre o primo para a enfermeira que insistia em dizer que ele estava bem. 

Para ver se acalmava a prima, a enfermeira mostrou pra ela uma lista de pessoas ali internadas, que necessitavam de maiores cuidados que o seu querido primo.

Ao ver a lista, a ansiedade foi substituída por um choro que não parava. Soluçando alto ela chamou Marília e disse, aos prantos: sou mesmo uma egoísta. O pessoal do hospital me dizendo que está tudo bem com o nosso primo e eu duvidando. E ele é só um. Veja isso, coitada desta família, todos internados. Vai ver estavam numa van, indo pra praia, que capotou ou bateu na traseira de um caminhão. Coitados, a família toda. Sabe-se lá quantas crianças estavam na van. 

Olha só a lista aqui, mostrou. Cláudio Inalt, Fernando Inalt, Clarisse Inalt, Maria Cláudia Inalt, Pedro Inalt - aposto que o Pedrinho é o caçula - e disse mais uns três nomes da família Inalt.

Curiosa, Marília pegou a lista, leu e, caindo na risada, explicou: - Sua tonta, não se trata da família Ianlt! Isso aqui é o primeiro nome do paciente, seguido da observação médica INALT, que é a abreviatura de INALTERADO, referindo-se ao estada de saúde de cada paciente. E riram juntas, principalmente quando o Paulinho surgiu corredor apenas com um braço na tipoia.  

* Em tempo: esta história é verdadeira. Eu a ouvi de uma das primas, cujos nomes não revelo. Apenas o Paulinho é Paulinho mesmo.


Um comentário:

  1. Boa. Me faz lembrar um fato real. Numa visita ao cemitério uma filha, então com 5 anos, nos disse: "Como tem gente da família Jazigo..." kkkkk

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