segunda-feira, 18 de março de 2019

CONHECIA ESSA OFICINA?



Se você nunca foi a Santo Antônio do Pinhal, não sabe o que está perdendo. É uma bela e pequena cidade, encravada na Mantiqueira, com deliciosos lugares para se almoçar, jantar, tomar bons vinhos; cervejas artesanais, ou não.

Passeios deliciosos pelas matas que a cercam. E boas pousadas para passar as noites, que são muito frias no inverno, que vez por outra baixa do 0° e que, nestes tempos de verão, dorme-se com temperaturas entre 18º e 20º.

Ah, tem uma ótima padaria, a Viola, onde além de um pão de qualidade, um monte de bolos, com destaque para o de Aipim, a preços honestos, sem exploração dos turistas.

Tem também o bar do Pimenta, um lugar muito especial, onde a cachaça Amélia - honesta, que está no mercado há mais de 100 anos - é a rainha do lugar, ocupando praticamente todas as prateleiras. Sem grandes tentações, é o lugar próprio para quem gosta de prosear com gente da terra. La, tudo se conhece sobre a história da cidade e o que acontece nela, em prosa ou verso.

Uma coisa que poucos sabem é que lá em Santo Antônio, nasce o Rio da Prata. Sim, aquele mesmo Rio da Prata que banha Buenos Aires, na Argentina. Outro detalhe sobre as águas em Santo Antônio, é que a Fundação Toyota está desenvolvendo um grande trabalho de recuperação dos mananciais da região da Mantiqueira. 

Um mecânico diferente

E era lá em Santo Antônio que existia, ali na Estrada Municipal do Pico Agudo (lugar imperdível para visitar) a Cabana do Voador, onde seu dono consertava disco voador, como anunciava a placa na porta: CONSERTA-SE DISCO VOADOR, conforme a imagem que registrei no final do ano passado, quando a oficina ainda funcionava a pleno vapor, com discos voadores aguardando sua vez.

Existia, porque de uma hora para outra, as placas sumiram e seu dono também. Um amigo, frequentador de Santo Antônio, garante que ele foi abduzido, já que os marcianos tiveram uma evasão de mecânicos lá de Marte e precisavam de mão de obra especializada, como aquela que encontraram ali na Mantiqueira, onde já consertavam seus discos em suas incursões pela Terra.

Serviço: Santo Antônio fica a 170 km de São Paulo. O melhor acesso é pela Ayrton Senna (mas pode ser pela Dutra também), Carvalho Pinto e Floriano Rodrigues Pinheiro, que leva até Campos do Jordão.  Mas antes disso, logo após o túnel desta, deve-se pegar o caminho para Sul de Minas.



quinta-feira, 7 de março de 2019

A MAGIA DA MÁQUINA DE ESCREVER


Ouve só.

A gente esvaziando a casa da tia neste carnaval. Móvel, roupa de cama, louça,  quadro, livro. Aquela confusão, quando ouço dois dos meus filhos me chamarem.

 - Mãe!

 - Faaala.

 - A gente achou uma coisa incrível, mágica! Se ninguém quiser, pode ficar para a gente? Hein?

 - Depende. Que é?

Os dois falavam juntos, animadíssimos.

 - Ééé... uma máquina, mãe.

 - É só uma máquina meio velha.

 - É, mas funciona, está ótima!

Minha filha interrompeu o irmão mais novo, dando uma explicação melhor.

 - Deixa que eu falo: é assim, é uma máquina, tipo um... teclado de computador, sabe só o teclado? Só o lugar que escreve?

 - Sei.

 - Então. Essa máquina tem assim, tipo... uma impressora, ligada nesse teclado, mas assim, ligada direto. Sem fio. Bem, a gente vai, digita, digita...

Ela ia se animando, os olhos brilhando.

 - ... e a máquina imprime direto na folha de papel que a gente coloca ali mesmo! É muuuito legal! Direto, impresso na mesma hora, eu juro!

Eu não sabia o que falar. Eu também juuuro que não sabia o que falar diante de uma explicação dessas, de menina de 12 anos, sobre uma máquina de escrever.

Era isso mesmo?

 - ... entendeu mãe?... zupt, a gente escreve, muda de linha e a gente até vê a impressão tipo na hora, e não precisa essa coisa chata de entrar no computador, ligar, tipo esperar hóóóras, entrar no word, de escrever olhando na tela, mandar para a impressora, esse monte de máquina, de ter que ter até estabilizador, comprar cartucho caro, de nada, mãe! É muuuito legal, e nem precisa de colocar na tomada! Funciona sem energia e escreve direto na folha da impressora!

 - Nossa, filha...

 - ... só tem duas coisas: tipo não dá para trocar a fonte nem aumentar a letra, mas não tem problema. Vem, que a gente vai te mostrar. Vem...

Eu parei e olhei, pasma, aquela máquina, tipo velha. Eles davam pulinhos de alegria.

- Mãe. Será que alguém da família vai querer? Hein? Ah, a gente vai ficar torcendo, torcendo muito para ninguém querer para a gente poder levar lá para casa, isso é o máximo! O máximo!

Bem, enquanto estou aqui, neste 'teclado', estou ouvindo o plec-plec da admirada máquina, que, claro, ninguém da família quis mas que, aqui em casa, já deu até briga, de tanto que já foi usada. Está no meio da sala de estar, em lugar nobre, rodeada de folhas e folhas de textos "impressos na hora" por eles. Incrível, dizem, plec-plec-plec, muito legal, plec-plec-plec.

Eu e o Zé já estamos até pensando em comprar outra, ficando uma para cada filho.

Mas, pensa bem se não é incrível mesmo para os dias de hoje: sai direto, do teclado para o papel, e sem tomada!

Obs: este brilhante texto não é meu e nunca descobri sua autoria. Mas seria muito egoísmo de minha parte, não dividi-lo com quem não o conhecia.