quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

TOP CAR TV, UM GRANDE PRÊMIO


Esta foi a semana em que o TOP CAR TV anunciou os premiados deste ano atípico, marcado pela Covid 19, que nos obrigou a ficar em casa, com medo de contrair o mal dos últimos tempos. 

A premiação foi transmitido pelo canal do Youtube da Band Bahia, dentro das normas atuais, que nos impedem de "juntar" gente para comemorar as vitórias dos melhores veículos do Brasil. 

Além dos automóveis, picapes e a coqueluche do momento, as SUVs, também foram premiados os melhores projetos de ação social ou ambiental, ou seja, o que as montadoras fazem além de fabricar veículos. Homenageados os melhores executivos, a melhor performance empresarial, o melhor comercial de TV e a melhor inovação tecnológica.


OS VENCEDORES


Melhor Ação de Responsabilidade Social

Instituto Renault - Renault do Brasil 


Melhor Performance Empresarial (Melhor Montadora)

FCA – Fiat Chrysler Automóveis


Melhor Executivo de Montadora 

Antonio Filosa - FCA


Melhor Comercial de TV - Produto 

Fiat Strada – A lenda se superou (*)


Melhor Inovação Tecnológica Automotiva

Audi – Câmera retrovisor virtual Audi e-tron


Melhor Picape
Fiat Strada

Melhor Utilitário Esportivo até  R$100.999,00 

VW Nivus


Melhor Utilitário Esportivo acima de R$101.000,00 

Caoa Chery Tiggo 8


Melhor Carro Nacional até  R$70.999,00

Chevrolet Onix


Melhor Carro Nacional Acima de R$71.000,00

Toyota Corolla


Melhor Carro Importado

Ford Territory 


Veículo do Ano Top Car TV 

Fiat Strada


Clique na tela e assista o Melhor Comercial de TV -  Prêmio Top Car



E, no próximo, dia 14, SEGUNDA-FEIRA, você poderá assistir, pelo Youtube, a premiação da ABIAUTO, que  destaca, além de automóveis, SUVs e picapes, também as melhores  motocicletas. 

quinta-feira, 14 de maio de 2020

A CASA QUE AMAVA SEUS DONOS


Era uma casa charmosa. Não exatamente bonita pelos padrões atuais de arquitetura, mas muito, muito charmosa. De rara elegância. 

E era também muito orgulhosa. Sabia que era a mais bem tratada da rua dos Albericos, ninguém nunca soube o porquê do nome, nem conheceu ninguém que com ele tenha lá morado. Seus encanamentos eram de primeira, em cobre, assim como a parte elétrica. Tudo com manutenção preventiva. O telhado era um primor e abrigava um simpático sótão, usado como “atelier” de costura e também escritório. 

Pé direito com quase quatro metros de altura, quartos enormes, com armários embutidos, coisa rara para a época, encantavam a todos. Surpreendia a  “largueza” da cozinha e da copa,  com azulejos portugueses, armários e prateleiras feitas sob medida. Sem igual! 

Pintura? Todos os anos. Pena que ela não conseguia palpitar na cor. Bem que gostaria. Iria pedir aos Souza que usassem uma tal de marrom-toledo, pois, pelo som, ela lhe cairia muito bem. Mas, naquele ano, o amarelo claro era a cor. 

No jardim, “propriedade” da vó Eva, girassóis, camélias, rosas e margaridas encantavam os passantes. No quintal, a horta, também dela, abrigava pés de tudo. 

Tinha couve, alface, tomate, cebolinha, coentro, cheiro-verde, abobrinha, pimenta, e tudo o que se quisesse imaginar, até uma árvore com tomates, raros até hoje. Também os temperos não precisavam comprar, pois ali de tudo se encontrava.

Tinha também babosa, ótimo produto para manter fortes e bonitos os cabelos; comigo-ninguém-pode e espada-de-São Jorge para “proteção” da família. Algumas bananeiras, dois pés de “mixirica”, outro de carambola, que hoje chamam de estrela e vai até em salada, e um de jabuticaba. Uma delícia de quintal! Ah, tinha também alguns patas e galinhas, que botavam ótimos ovos. 

Tudo muito bem cuidado pela vó Eva, que também respondia pela cozinha, com a ajuda da Luzia, sua simpática colaboradora há mais de 20 anos. Juntas, elas faziam coisas que até os deuses chegavam para o almoço/jantar.

Simplicidade

Por dentro, uma decoração simples e aconchegante. Seus donos eram “do bem”. Gente boa mesmo. Nos quartos das crianças, a decoração, se é que se pode chamar assim, era resultado da idade de cada um: a menina, com 11 e o garoto, com 14. 

No do Sérgio, hoje quase avô, fotos do Pelé, Garrincha e Cláudia Cardinale nas paredes, e uma bagunça em volta da escrivaninha, as meias, tênis, shorts e camisetas, sempre fora do lugar, mas nunca no chão. Na época ainda não existia nem o Nintendo, muito menos computadores.

No da Flávia, que hoje viaja pelo mundo fazendo palestras sobre o meio ambiente, tudo arrumadinho. A escrivaninha sempre correta e fechada após o uso. Cada coisa no seu lugar, inclusive suas bonecas, sempre penteadas e usando roupinhas limpas. Uma doçura!

Cada um era dono do seu nariz e, neste aspecto, ninguém se intrometia no quarto alheio.

Na suíte dos pais, Carlos e Maria Ignês, um quarto com cara de pais. Nada mais, nada menos. Uma vitrola para tocar os LPs românticos nos momentos íntimos do casal, uma bela e antiga penteadeira, armários embutidos combinando. Tudo muito bem cuidado, se bem que, vez por outra, sobrava um par de meias masculinas (sempre elas) ao lado da cama.

A casa não poderia estar melhor localizada. Ficava numa rua larga, tranqüila (naquela época usava-se o trema), muitas árvores, pavimento ainda em bom paralelepípedo e apenas trânsito local. 

As casas vizinhas tinham características muito semelhantes, mas não eram como ela. Eram todas muito bem cuidadas, com suas calçadas sempre limpas e muros baixos que deixavam ver seus jardins, mas não tão bonitos como o da 148, onde moravam os Souza. 

Quem morava na rua?

Pessoas tão boas quanto os da casa 148. Tinha comerciante. Tinha bancário, do Banco do Brasil, claro! Dois médicos, um doutor engenheiro da Light. Aposentados que moravam com seus filhos, como a dona Eva, mãe do Carlos, que era a dona da casa. Tudo gente boa, que se conheciam desde há muito tempo. Gente que se dava bem. Tão bem que gerou alguns casamentos ali na rua mesmo. Por exemplo, a Cidinha, do 35, casou com o Jorge, do 38. Passaram muito tempo se olhando das respectivas janelas. Depois, tinham uma janela, só para os dois e os filhos ganharam também suas janelas. Moravam com o pai dela, aposentado.

De vez em quando surgia uma briga de moleques. Mas era  tudo resolvido na paz, com um ou outro puxão de orelhas. E a vida na  rua voltava ao normal.

Os cães andavam por lá, meio que soltos. Os gatos também. Mas não havia chance de brigas. Não que a harmonia da rua influenciasse caninos e felinos, fazendo-os amigos. É que, por uma razão de segurança, os gatos andavam sempre sobre os muros, só correndo riscos quando atravessavam de um lado para o outro. 

E não pensem que aquela era uma rua longe da capital. Era ali mesmo, na grande cidade, mas tinha a cara de viela de cidade do interior. E das pequenas.

A casa se sentia muito feliz ali.

Pela manhã, o movimento das crianças que saiam de casa, mochila nas costas, chutando pedras, chamando os amigos atrasados, fazendo confusão com os cachorros, espantando os gatos. Quando a molecada ia pra escola, o sossego da rua acabava e ninguém mais dormia naquela rua. Mas era coisa de 10 15 minutos e a paz voltava.

A vida era harmoniosa na rua daquela casa.

Mas, um dia, a rua dos Albericos acordou mais cedo,  com um bando pessoas estranhas andando de lá pra cá, de cá pra lá. Carregavam nas mãos uma coisa que mais parecia um binóculo. - o que estariam fazendo ali? - pensou a casa dos Souza. 

- Que povo é este tirando a tranqüilidade da nossa rua?- indagou a si própria, sem resposta.

- Que tanto eles olham com aqueles binóculos? Estão me vigiando. Tenho certeza disso. Por quê? Será que estão me medindo para aumentar o IPTU? Coitado do meu dono, já gasta tanto dinheiro com imposto e não recebe nada em troca.  Paga IR, INPS, “I” isso, “I” aquilo e nenhum retorno. Ele também paga a Guarda-Noturna, a escola das crianças e faz poupança para ter uma aposentadoria decente, porque, se for depender do governo, vai morrer de fome quando parar. É só imposto, imposto, imposto. E muita promessa, sem que nenhuma seja cumprida. Como é até hoje.

Os homens dos “binóculos” ficaram por ali de um lado pro outro, anotando, anotando a manhã inteira. E se foram sem que ninguém conseguisse descobrir do que se tratava. E as vidas da Albericos e da casa 148 voltaram ao normal.

É preciso abrir um parênteses para contar por qual motivo ninguém soube do que se tratava. É que, justo naquela manhã a dona Pura – isso, a fofoqueira da rua, tinha ido ao Centro, para compras, e só voltou à tarde.

Tempos depois, antes que ela conseguisse saber o que acontecera, os moradores da rua receberam um questionário da prefeitura perguntando sobre seus destinos: dali iam pra onde? Centro, outro bairro, fora da cidade? Não havia explicações para as perguntas. As pessoas estavam satisfeitas com suas vidas? 

Gentis que eram, responderam sem dar muita atenção à pesquisa. Todos é modo de dizer, porque dona Terezinha, da casa 53, não respondeu. Era gente boa, mas muito rabugenta e avessa a que alguém se metesse na sua vida.

- Pra que querem saber da minha vida? Eu vou pra onde quero - esbravejou!

Mas, num outro dia, ensolarado, em que cães e gatos seguiam cada qual pelo seu caminho, apareceu uma perua com alto falante - exatamente como aquelas que vendem... “pamonhas, pamonhas fresquinhas de Piracicaba” - anunciando “uma nova vida no bairro”. O locutor falava de transporte público, linhas de ônibus, melhor acesso ao centro.

Faixas foram colocadas anunciando a criação de linhas de ônibus para “facilitar” a vida de todos.

E, o pior, a prefeitura iria asfaltar a rua dos Souza, até então de bem cuidados paralelepípedos..

A casa não entendia nada. Nunca soubera que alguém na rua reclamara da falta de nada. Ela, nas conversas com as outras casas, só ouvia elogios para o sossego do lugar. 

E, se a casa não entendia, os moradores muito menos. Afinal, a escola era perto e a molecada ia e voltava a pé.  Para ir ao centro, quem não tinha carro não se importava de andar três quarteirões para pegar o ônibus da avenida. O paralelepípedo, bem assentado, não causava problemas, a não ser quando o “boyzinho” da 147 acelerava demais o Opalão do pai em dia de chuva. Era o maior auê e uma enxurrada  de reclamações da rua inteira.

- Devem ser estas coisas de político que inventa pra atormentar a vida das pessoas. Onde já se viu – esbravejava dona Terezinha – ônibus na nossa rua! Isto vai virar um inferno, ainda bem que o falecido não viu isto, porque ele ia morrer de tristeza. 

Aquilo uniu ainda mais os vizinhos dos Souza. Fizeram inúmeras reuniões, prazerosamente fornidas de bolinhos de chuva que a dona Eva preparava com esmero e carinho. Foram falar com o vereador do bairro que, claro, lamentou-se, esquivou-se e nada resolveu, como sempre fizeram e fazem até hoje todos os políticos desta terra descoberta por Cabral.

Correram à prefeitura e lá o alcaide também tirou o corpo fora, dizendo que não podia impedir o progresso”.

E ele chegou com o asfalto, linhas de ônibus, um roubo aqui, outro ali. E com a maior das tristezas. Dona Terezinha ficou doente, os filhos venderam a casa e foram embora. O vizinho dela também desistiu de enfrentar aquela bagunça e foi-se. No lugar das duas casas surgiu o magnífico “Chateaux La Plage”, que tinha apartamentos com cinco suítes, 18 vagas na garagem, segurança máxima, piscina, quadra de tênis, de bocha, academia de ginástica. Um primor de lançamento. Mas, mesmo com a enorme garagem, sempre tinha muito carro sobrando e já não havia como parar carros dos visitantes na rua dos Souza. 

Mais gente se mudou deixando terrenos para novos e modernos empreendimentos imobiliários. Cada vez mais sofisticados. Cada vez maiores.

E a casa foi ficando preocupada com aquilo. O próximo prédio tomou-lhe o sol. Era o fim do jardim da dona Eva. E, junto com ele, foi boa parte do pomar e toda a horta. Sobrando mesmo só as bananeiras, a “comigo-ninguém-pode” (e não pode mesmo) e um pálido pé de “mixirica”. 

Naquele ano, a pintura não foi programada. Nem executada. Um problema no chuveiro das crianças não foi reparado em definitivo, apenas um consertozinho. Algo havia de errado na casa dos Souza e ela começou a ficar preocupada. Mais ainda quando foi programada uma viagem de férias de todos. Antes de viajarem, os Souza conversaram sobre os problemas da rua, da dificuldade em viverem sem o sol, sem os amigos que os haviam deixado, praticamente sós nas ruas, sem molecada indo pra escola nem gatos fugindo dos cachorros. E saíram em férias.

E lá deixaram a casa, fechada, às escuras, sem sol e sem o canto dos pássaros que há muito deixaram de “freqüentar” aquela outrora pacata e atraente rua para os bichos de penas.

Foi duro para ela. Estava desesperada diante do abandono. E começou a usar todos os meios para comunicar-se com outras casas. Mandava mensagens pelas antenas da TV, pelo fio do telefone, pelo fio da luz, canos de água. 

Pedia socorro. 

Sabia que estava prestes a desaparecer e ter suas portas e janelas em pinho de riga serem disputadas por um alto dirigente da indústria automobilística, que era louco por elas.

Mas ela não ia entregar os pontos assim, sem lutar. E continuou pedindo socorro a outras casas.

Quase um mês depois, a família voltou, sem muito entusiasmo, para a rua dos Albericos. Para a casa 148.

Ao pararem no portão, encontraram um terreno vazio.

Se assustaram. A vó Eva não acreditava no que via e pensava se as imobiliárias teriam tido a ousadia de demolir a casa na marra – afinal, neste País, tudo é possível mesmo, não é?

Todos desceram do carro, abriram o portão e viram aquela placa, bem no centro do terreno:

MUDEI PARA A 
RUA DA ALEGRIA, 77.
ONDE VOCÊS SERÃO 
BEM-VINDOS.

Obs: a Rua da Alegria só tinha casas e a dos Souza estava pintada de marrom- toledo

chicolelis

sexta-feira, 8 de maio de 2020

DONA OLINDA



Minha amada mãe teria 98 anos neste próximo Dia das Mães e fico imaginando o que dona Olinda faria de almoço festivo, para mim e meu irmão, o Lubi, que teria 70. Não consigo imaginar, porque ela não era lá muito de forno e fogão, como era sua mãe, minha amada vó Eva. Sei que  dona Olinda iria caprichar, talvez num macarrão com frango, ou numa carne assada com batatas cozidas.

Mas, de uma coisa tenho certeza, faria as melhores sobremesas do mundo: Torta de Limão e Maria Mole, imbatíveis até hoje. Eram os doces o seu forte.

Lembrar dos dotes culinários dela me trouxeram à memória a música “Mamãe” nas vozes da "Rainha da Música", Angela Maria, e do "Príncipe da Voz", João Dias. Em um trecho a letra diz:

“Mamãe, mamãe, mamãe
Eu te lembro o chinelo na mão
O avental todo sujo de ovo
Se eu pudesse eu queria outra vez, mamãe
Começar tudo, tudo de novo”

Não me lembro dela com o avental todo sujo de ovo, muito menos com o chinelo na mão, muito embora eu e o Luiz Antonio (o apelido Lubi veio quando adulto) fizéssemos coisas passíveis de umas boas chineladas. Ela era doce e nos dava broncas com um suave olhar, nos acalmando e arrependidos da travessura.

“Ela é a dona de tudo
Ela é a rainha do lar
Ela vale mais para mim
Que o céu, que a terra, que o mar”

Ela cuidava de tudo. 



Cuidava da casa depois de trabalhar o dia inteiro, subindo e descendo a serra todos os dias (morávamos em Santos e ela trabalhava em Sampa. Depois veio pra o escritório do IAA em Santos, ali na Augusto Severo). Nos finais de semana, em casa, fazia bico de manicure/pedicure, para deixar as vizinhas e amigas mais elegantes. Só não fazia isso, quando tinha jogo do Peixe na Vila Belmiro. Pegava os dois pelas mãos e lá íamos nós, Ela, eu e o Luiz Antonio, pro Urbano Caldeira, ver Dorval, Mengalvio, Coutinho, ELE e Pepe, ídolo dela,  arrasarem nossos adversários. Na volta, picolé de coco pra mim, de uva pro Lubi e de chocolate pra ela. Mas só quando o Peixe ganhava. Caso contrário, a volta era só tristeza, sem espaço pra alegria do sorvete.
Ela também adorava cinema e música clássica. Vez por outra eu ia ao cinema com ela, nos sábados à noite. Tinha eu lá meus 7 anos, estudava no Olavo Bilac (escola municipal, que tinha anexo um posto de Puericultura) mas entrava nos filmes proibidos, porque minha mãe jurava ao porteiro que eu ficaria de olhos fechados. E ficava, honrando a palavra da dona Olinda. Só uma vez, confesso,  abri os olhos pra ver quem era a dona daquela voz, no filme A Lenda da Montanha de Cristal. Identifiquei a bela loira (não consegui levantar o nome da atriz) e voltei para minha condição de ouvinte. Era legal imaginar o que se passava na tela, quando não caia no sono.

“Ela é a palavra mais linda
Que um dia o poeta escreveu
Ela é o tesouro que o pobre
Das mãos do senhor recebeu”

É impossível discordar do que fala este verso da música. Você é capaz de imaginar uma definição melhor? Duvido! Dona Olinda merecia estas palavras.

“Mamãe, mamãe, mamãe
Tu és a razão dos meus dias
Tu és feita de amor e de esperança
Ai, ai, ai, mamãe!
Eu cresci, o caminho perdi
Volto a ti e me sinto criança”

Lindo, né?

Pois é, neste domingo será um dia em que muitas mães vão chorar diante dos seus fogões, tristes porque não vão poder sujar seus aventais com ovo, farinha, molho de tomate preparando o prato mais querido dos seus filhos amados.

Por isso, ainda que a "sua" dona Olinda já tenha nos deixado, faça uma oração para ELA, sua mãe amada. E, se ELA ainda estiver conosco, espere passar esta porcaria da pandemia e corra até ELA e diga quanto a ama, acompanhado de um abraço que não tenha fim.


chicolelis

Clique na telinha e ouça a música.

A letra da música
Mamãe
Autoria: Herivelto Martins e David Nasser

Ela é a dona de tudo
Ela é a rainha do lar
Ela vale mais para mim
Que o céu, que a terra, que o mar

Ela é a palavra mais linda
Que um dia o poeta escreveu
Ela é o tesouro que o pobre
Das mãos do senhor recebeu

Mamãe, mamãe, mamãe

Tu és a razão dos meus dias
Tu és feita de amor e de esperança
Ai, ai, ai, mamãe!
Eu cresci, o caminho perdi
Volto a ti e me sinto criança

Mamãe, mamãe, mamãe

Eu te lembro o chinelo na mão
O avental todo sujo de ovo
Se eu pudesse eu queria outra vez, mamãe
Começar tudo, tudo de novo.

quarta-feira, 6 de maio de 2020

VERANICO
Ensaio sobre o prazer. O prazer puro.


Era maio. Mais um desses períodos de lindas e frescas noites, com dias de reinado dos “sóis” do veranico que esquentam, suas tardes. Cleusa olhava no guarda-roupas e via aquele vestido que só usara uma única vez no Verão de muito calor. Era um belo vestido de linho branco. Custara suas economias de quase dois meses de trabalho. Mas ela não resistiu à sua tentação na vitrine.

Ia aproveitar aquele Verão fora de hora, de todo maio, e usá-lo para a festa do clube. Sabia que ficava bonita, atraente e que muitos olhares cobiçariam o seu belo corpo moreno.

Ali perto, num outro guarda-roupa, uma calça bege, também de linho, foi a escolhida para ser usada na mesma festa. Apesar de algum uso, era bem conservada. Praticamente nova. Dava elegância ao seu dono. Itamar, ainda que moço recatado, sabia que elas gostavam do seu corpo marcado pela calça.

O vestido deixara Cleusa deslumbrante. Sua pele bem queimada pelo sol contrastava com o branco do linho. Os seios rijos surgiam no decote com desejo de mostrar-se, sem vergonhas, só pelo prazer de exibir o belo.

Ali perto, a calça justa mostrava um corpo bem talhado, desenhado na academia do clube do bairro. Sentia-se um rei com aquele linho e uma camisa polo vermelha. Tudo bem justo ao corpo.

Saíram de casa, quase ao mesmo tempo. O ônibus não tinha horário confiável e nenhum deles queria chegar atrasado ao ponto.

A noite já chegara.

Uma noite quente para o veranico de maio. Mal deixara a casa e Cleusa sentiu um calor subir pelo corpo. Mas não era só o calor. Ela sentia uma sensação gostosa de aquecimento. Uma coisa lá de dentro. Não sabia explicar o que, mas sentia que era bom.

O mesmo calor e as mesmas sensações fizeram com que ele já transpirasse antes da primeira quadra vencida. Era um suor limpo, suave, penetrante. Como se os poros transpirassem para dentro. Era muito bom aquilo.

Ele chegara um pouco antes. A pele levemente umedecida.

Olhou para a direção em que chegaria o ônibus e viu aquele vestido branco vindo em sua direção. Os faróis dos carros mostravam dentro dele um corpo bem feito, pernas firmes, bem torneadas. Ela vinha em sua direção.

Não se conheciam.

Ela chegou e agora estava ali, ao seu lado. Docemente provocante.

O ônibus demorava. E o calor – externo e interno – aumentando. Um trovão forte, um relâmpago e o tempo mudou bruscamente. Sem nenhum aviso, como no Verão de verdade, a chuva começou. O abrigo era pequeno, daqueles de periferia, que mal cobre uma pessoa.

O vento, ainda que leve, levou os pingos da chuva para o vestido dela. O linho foi molhando e grudando, de baixo para cima. Revelando aquelas coxas escuras, maravilhosamente torneadas.

Ao mesmo tempo a água molhava a calça de linho ao lado.

No começo, ele não olhou para ela. Havia um misto de temor e respeito pela situação. Ele fora criado por família evangélica, de educação rígida. Não queria aproveitar-se da situação.

Mas os efeitos daquela chuva eram demais.

E ele olhou.

E seu corpo esquentava, ainda que atingido pela água fria. O calor subia pelas pernas e chegou a um ponto insuportável.

A esta altura da chuva, o corpo dela estava todo à mostra. O sexo estava ali, bem no alto das coxas. Um lindo ponto escuro. Ela virou-se e mostrou nádegas que pareciam obra de um bom escultor. Firmes e perfeitamente arredondadas. Sem saber, voltou-se em direção ao parceiro do ponto. E a chuva colocara seus seios totalmente à mostra, como desejavam estar desde o momento em que entraram naquele linho branco. Ela também não sentia frio. O calor a invadia.

Ficou insuportável quando cruzou seu olhar com o dele. Cleusa ferveu quando baixou os olhos e o viu avançando para ela, ainda que ele não tivesse dado um passo na sua direção. Sentiu um medo sem medo. Mas também era muito bom ser o motivo de tamanho desejo.

Eles ficaram se olhando. Ela sentiu que ele a penetrava, embora não a tocasse. Sentia o vai e vem do seu corpo em suas entranhas. E o seu, ainda que sem se mover, acompanhava os movimentos dele. Sentia suas mãos em seus seios firmes como nunca haviam sido tocados. Nas coxas, a força das mãos dele lhe dava mais prazer. Mas ela via mãos quietas, sem tocar nela.

Ele sentiu os lábios dela nos seus. Suas línguas invadiam suas bocas simultaneamente cheias de desejo. Elas se enroscavam sem pudores, ainda que não se encostassem.

Agora, ele sentia os lábios dela se aproximando dele. Algo alucinante. Ele não conseguia acreditar seu corpo estar dentro daquela boca perfeita, gulosa.

Ela então começou a sentir tremores. Tremores que vinham lá de dentro. Do centro do seu corpo. Era como se fosse entrar em convulsão. Sentiu seu líquido quente descer pelas pernas.

Um líquido que não parou de correr e que virou uma enxurrada.

Olharam-se e entraram em transe.

Tremendo como ela, com jatos do seu líquido atravessando aquela calça de linho bege.

Vibraram juntos. As pernas falharam.

A chuva parou. Olharam-se pela última vez. Cada um voltou para sua casa, com as pernas bambas e o prazer dentro da alma.

Um vento frio, no portão de casa mostrou para ela que o veranico acabara.

E a chance de usar o vestido branco de linho novamente iria demorar a chegar.

Ele entrou em casa. Estava gelado.

Ela também chegou à sua. Tão gelada quanto.

Mas, em ambos, o calor da paixão sobreviveu.

chicolelis

sexta-feira, 17 de abril de 2020

O DIA EM QUE O PLACEBO VIROU CUPIDO

  
Nos meus tempos de ginásio (equivalente hoje ao Ensino Fundamental II pouco se ouvia falar de maconha e nunca de cocaína. A moda na época, para muito pucos, mas muito poucos mesmo, porque era um troço caro pra caramba, eram as "bolinhas", chamados na linguagem farmacêutica de Psicotrópicos ou Anfetaminas hoje. A molecada de escolas estaduais - que eram ótimas - não tinha grana pra comprar "bolinhas" que eram usadas nos embalos de sábado à noite ou em épocas de provas, para estudar a noite inteira, o que era uma bobagem, pois só atrapalhavam, e atrapalham até hoje, o raciocínio.

Mas, a crença era que elas davam coragem determinação e força para enfrentar qualquer obstáculo. Foi dentro desta perspectiva que eu ajudei um colega de classe a conquistar a garota pela qual era apaixonado. Ele vivia cabisbaixo, só pensava na "mina", não saia da classe no recreio. Uma tristeza e uma situação natural para os 14/15 anos do meu companheiro.

Eu desconfiava mas não tinha certeza daquela paixão não correspondida. E não pensem que a "mina" era metida à besta porque era bonita. Muito bonita, mas nada pedante! Só mesmo muito bonita. Daí perguntei o que havia e ele, quase chorando, confessou sua paixão platônica. Argumentei que ele deveria se revelar, falar com ela e tentar um namoro.

- Não tenho coragem! Foi a resposta dele, me deixando preocupado com aquela situação. 

Dois dias depois tivemos uma aula de desenho e ele trazia em seu material, um monte de giz, inclusive um cor-de-rosa. Vendo aquela cor, me lembrei de um tipo de "bolinha" que eu vira nas mãos de uns colegas que tinham grana pra comprar. Tinha a forma de um coração e era conhecida como DEXAMIL EXPANSUR ou expansor, sorry, mas não lembro direito). Peguei um pedaço do giz cor-de-rosa pra mim.

Naquela noite, em casa, usando uma espátula da aula de Trabalhos Manuais, esculpi um comprimido muito parecido com aquela "bolinha", com um "logo" e tudo. Modéstia à parte, ficou muito bom.

Na escola, no dia seguinte, chamei meu amigo de lado e disse: hoje você vai conquistar aquela menina. Ele me olhou assustado mas nem dei tempo dele falar, pequei na sua mão e coloquei lá a "bolinha". Novo susto: o que é isso? É um Dexamil! Tome agora que no recreio você vai ter coragem para falar com ela e conquistá-la.

Perguntou onde eu conseguira. Na escola, foi minha resposta absolutamente honesta, certo?

Ele ainda duvidou mas lembrei a ele várias histórias, umas que ele até conhecia, de grandes atos de coragem, que se ouvia entre a rapaziada da época.

Foi até o bebedouro e mandou ver no "Dexamil"!

No recreio ele saiu da classe, coisa que não fazia há tempos e foi lá conversar com sua paixão.

Naquele fim de semana já foram assistir juntos, e de mãos dadas,  um filme no recém-inaugurado Cine Indaiá, que exibia uma bela decoração, mostrando versos, como esse, do  nosso poeta santista Martins Fontes: "Era abundante nas encostas, o Cambucá. E abios (tipo de coquinho) que tanto gostas, só no Indaiá (uma espécie de palmeira)".

E seguiram namorando até que nos formamos, indo cada um pro seu lado. 

Anos e anos passados, fui abordado na rua, em São Paulo, pelo meu velho companheiro.

- Lembra de mim?

Confesso que só lembrei quando ele rememorou a história da "bolinha".

- E aí, como vai a vida?

- Lembra da .... (esqueci o nome dela)? Pois é, nos casamos e temos 3 meninas, mas eu insisto num  menino, pois quero te homenagear, dando a ele o seu nome.

Não pensem que revelei a verdade a ele. Fiquei feliz por tudo der dado certo. Não queria estragar o encanto desta história de amor.

Nada como um placebo bem administrado. Pena que para estes momentos virais, ele não serve pra nada.

(*) Placebo é qualquer substância ou tratamento inerte (ou seja, que não tem qualquer efeito ou interação com o organismo) usado como se fosse algo ativo. Assim, só funciona psicologicamente, como no caso do meu amigo apaixonado.

chicolelis
Foto: Casal Apaixonado

terça-feira, 14 de abril de 2020

ACREDITE, ESTA É UMA ESCOLA PÚBLICA


Aqui, para escapar um pouco das más notícias nestes tempos virais, vamos falar de um belo trabalho de inclusão. Por isso, nos dedicamos a contar uma experiência intitulada Projeto Brincar, coordenado por Carla Mauch (que viabilizou este trabalho),  iniciativa da Fundação Grupo Volkswagen (FVW), concebida e desenvolvida pela OSCIP - Mais Diferenças,  em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. A FVW, com 40 anos de existência, foi criada para desenvolver projetos de responsabilidade social da Volkswagen do Brasil. Atualmente trabalha em 3 eixos: mobilidade urbana, mobilidade social e  inclusão de pessoas com deficiência. Neste último eixo, é que está inserido o Projeto Brincar.

E o que é o Projeto Brincar?

Ele envolve ações de formação e acompanhamento para profissionais de escolas públicas de educação infantil inclusiva, que trabalham com crianças com e sem deficiência, juntas; produz, sistematiza e disponibiliza materiais pedagógicos acessíveis, desenvolve atividades lúdicas e brincadeiras com famílias e as crianças. Isto porque, acredita na educação inclusiva como um direito para todas as crianças desde a primeira infância; que todas elas, com e sem deficiência devem estudar juntas.

"Além disso - conforme explica Arthur Calasans, consultor de Formação do Projeto - ele contribui com o fortalecimento das políticas públicas de educação inclusiva".

Então vamos falar sobre o Projeto Brincar, contando cenas que assistimos em uma das escolas onde o projeto é desenvolvido. Visitamos a escola EMEI José Rubens Peres Fernandes, situada na Zona Leste de São Paulo, mais precisamente no bairro do Cangaíba, a 16 quilômetros de distância da Praça da Sé, marco zero da cidade de São Paulo.

Naquela escola, crianças de 4 a 6 anos e todos os adultos tem a possibilidade de conviver, aprender, brincar, inventar e descobrir novas formas de coexistência, onde a diversidade é um valor. Um lugar que dá tempo para elas descobrirem novos mundos e espaços, onde um galho de árvore, vira uma ponte; um pedaço de pano, vira um tapete mágico; um pote de iogurte, vira um caminhão, e mais uma infinidade de cenas que as crianças são capazes de fabular se, nós como adultos, propiciamos estas experiências e entramos no jogo e na brincadeira junto com elas.

Nós, que estamos longe do cotidiano das escolas públicas, imaginamos e criamos narrativas negativas, de terror. Por exemplo, que são instituições que apresentam condições precárias, que os profissionais são mal formados, que não têm espaços para brincar, que as crianças são violentas, que as crianças não têm acesso aos livros, às artes, à tecnologia... e mais uma série de lendas que somos capazes de fabular...

"Quando pensamos em crianças com deficiência, um universo mais distante ainda do que o das escolas públicas se descortina. Imaginamos que é um equívoco estudarem juntas com crianças sem deficiência, que uma escola especializada e segregada é o melhor lugar para elas. Mas elas não aprendem. Muitas destas ideias equivocadas se dão pela  distância, por não termos a oportunidade de conviver com pessoas portadoras de deficiência". destaca Paula Oiano, coordenadora pedagógica da escola, quando do início do Projeto. 

Pois aqui queremos contar uma história que não combina com o que escrevemos acima: Fomos à escola em um dia quente de verão. A escola pública da periferia tem um espaço muito melhor do que muitas escolas particulares, os professores têm um projeto pedagógico muito consistente – nas paredes vemos produções das crianças que fazem referência à natureza, ao teatro, a dança e ao brincar.

"Os pequenos, com diferentes características formam um lindo mosaico onde o heterogêneo é explicitado: meninas e meninos negros; crianças angolanas, haitianas, bolivianas; crianças falantes, crianças curiosas, crianças desconfiadas, crianças em silêncio, crianças com deficiência e crianças sem deficiência. Todas elas podem fabular que são cantoras, cozinheiras, motoristas, engenheiras e, o que mais elas quiserem ser", explica a professora Débora Ganini.

Nos bastidores, reunidos crianças e professora, se preparam para apresentação de uma peça de teatro da Linda Rosa Juvenil, que é um emocionante projeto onde todos estão muito envolvidos. O palco onde vai ser apresentada a peça é um parque e a sala de atividades, se transformou em um camarim. Ali todos se prepararam para a estreia, o figurino e o cenário foram construídos pelas crianças.  Elas  assumem os papeis de bruxa má, rei, uma criança com paralisia cerebral é a Linda Rosa Juvenil, outra criança que empurra a cadeira de rodas da Linda Rosa, quando perguntada sobre qual é o seu papel diz, "eu sou as pernas dela". Em paralelo a plateia canta, “o tempo voa, o mato cresce”.

"Bato palmas para as professoras, alunos e para a escola que nos permitiram neste dia ver a Volkswagen, além dos carros.  Ver as crianças diferentes mas felizes entre si, e com os mesmos direitos brincando,  desenvolvendo-se, aprendendo e fazendo com que um jornalista - com mais de 50 anos de carreira - que já viu e escreveu muitas histórias, pudesse visualizar, emocionando, que existem outros mundos, desconhecidos como esse, onde a desigualdade, a competição e a intolerância não têm lugar e, onde quiçá possa estar o repositório dos adultos do futuro que conseguirão construir um país melhor para todos! Mesmo após estes terríveis dias virais", chicolelis.

quinta-feira, 2 de abril de 2020

SOCORRO!!! VOU MATAR MINHA VIZINHA.


Antes de me julgarem por esta decisão criminosa e irreversível, leiam aqui a minha justificativa.

Bem, tudo começou junto com essa louca  pandemia que mandou todo mundo ficar em casa. Eu obedeci - até porque se não o fizer a minha filha, médica, me esfola  vivo, antes do corona - e cá estou quieto, no meu canto. 

Acordo, arrumo a cama, escovo os dentes, tomo banho faço minha orações, ligo o rádio (Band 90.9) preparo o café de São Benedito, herança da Ivone, que trabalhou em casa por 19 anos. Calculo que nesse tempo ela deva ter consumido meia tonelada de café. O desjejum matinal é complementado com frutas, mel, aveia em flocos e um nescauzinho batido com maçã (que adoça), bananas nanica e prata, pedaço de gengibre e uma pitada de açúcar demerara.

Bem, isso acontece entre 10 e 12 horas dependendo da hora que acaba o filme da noite anterior no NetFlix (aliás, assistam ao indiano ARTIGO 15, SENSACIONAL!). Daí, faço uma pequena faxina na cozinha e no banheiro, que mantenho limpos para não ter muito trabalho. Vou à área de serviço, ponho a roupa para lavar e começo a recolher a roupa seca.

E ai é que vem a vontade de assassinar a minha vizinha. 

Como sei que é uma vizinha e não um vizinho a minha futura vítima? Porque n'outro dia estava maldizendo a hora de tirar a roupa do varal, quando ouvi alguém gritar um nome de uma mulher. E ela respondeu: agora não posso, estou acabando de fazer o almoço. E, de novo, aí veio, invadindo todo o meu ser, pelo nariz, aquele aroma maravilhoso de um feijão cozido com um delicioso bacon e o do arroz bem temperado. Arroz com o perfume do alho e da cebola bem dosados e fritos no óleo (minha vó Eva os fazia na banha de porco, tirada à colheradas de um tacho de louça ao lado da pia, guardando toucinho, linguiças outros). Fora a carne assada - acho que patinho ou lombo de porco, seja o que for, uma delícia!

Quando esse "ódio" consumiu meu coração, corri pro telefone e consultei um advogado amigo (Dr. Marquinhos Cardoso) para saber  se isso seria justificativa. Ele riu da minha desgraça e me aconselhou a "processar minha vizinha por constrangimento LEGAL, não ILEGAL, mas LEGAL, pois afinal, ela estava me proporcionando o prazer  bom aroma de uma comida gostosa.

Não estou convencido do arrazoado dele. Ela só escapará da minha vingança maligna, se amanhã eu conseguir extrair do Miojo Lamen, o mesmo aroma da comida dela. 

Será?

chicolelis

sábado, 28 de março de 2020

MOTOBOYS. BANDIDOS DE ONTEM, HERÓIS DE HOJE. E AMANHÃ?

Quem não já se irritou com aqueles infernais "bibibibibi......"? Eles viviam impedindo que você trocasse de faixa ou fosse fechado por alguns irresponsáveis moto-boys, não é?. Muito xingamento, ameças de agressão, algumas concretizadas. 

Quanto trabalho deram aos grupos de socorro dos Bombeiros (sempre eles, estes heróis), Samu, helicópteros da PM, para transportá-los ao HC mais próximo. Usando os chamados corredores, voavam por eles, nas ruas, avenidas e até em estradas.



Em qualquer reunião, social ou trabalho, havia sempre alguém contando a manobra de um moto-boy que o prejudicara, ou que havia causado congestionamento com seus tombos, certo?

E hoje, quem são os "anjos" que estão ajudando a matar sua fome e ajudar a cuidar da sua saúde?

São eles, os caras da turma do "bibibibibi.......", que agora trazem alegria e a comida do restaurante/lanchonete/bar para você almoçar ou jantar com sua família. O "bibibibibi....." também anuncia que aquele remédio que ajuda a combater sua queda ou elevação da pressão, que acabou, ou o sal de frutas que dá fim à sua azia, ou qualquer outro produto vindo de super mercados, padarias, vendinhas ou seja lá de que lugar for, acaba de chegar. Aí o "bibibibibi....." faz você sorrir, não é?



Pois é, esse cara, o mesmo que tanto infernizou sua vida até um mês atrás, hoje é levado aos Céus quando você ouve aquele "bibibibi...." na porta da sua casa, não é? Aquele "maluco" de dias passados agora está arriscando a vida,  hoje não no trânsito, mas sim com o tal do vírus. Andando por aí para que você não passe fome ou passe mal pela falta do seu remédio, dos seus filhos ou dos seus pais.

E amanhã?

Pois é, mas o vírus vai embora. Pode ser que demore um pouco ou um pouco menos, pois há muitas controvérsias, mas vai. Daí, no trânsito, quando ouvir aquele "bibibibibi ....."de quem você vai lembrar? Do demônio ou do anjo? E eles, como se sentirão? Como humildes heróis recentes ou como verdadeiros Deuses dos tempos do vírus?

Quem viver verá!, Como diria meu amigo Ricardo Hernandes, que me alertou para o tema.

chicolelis

terça-feira, 24 de março de 2020

UBER: QUEM MANDA É A MULHER!!!


Vocês devem achar que eu enlouqueci nesta quarentena. "Tô" louco não!!! Vou provar porque, conforme uma sugestão do meu amigo Ricardo Hernandes. 

O cara do Uber, passava o dia inteiro ouvindo ordens de uma mulher. - "Vira pra cá, vira pra lá, siga em frente, dobre à esquerda na rotatória, buraco relatado à frente, acidente na pista; rodar em frente". E sempre ela, falando com aquela voz que nem sempre acertava o nome da rua ou avenida, mas o ajudava a andar por lugares nunca dantes navegados.(Em São Paulo, por exemplo, ela fala avenida Giovanni "Gronxi", e não "Gronqui", como é a certa pronúncia italiana).

Então, ele conhecia a cidade, novas pessoas, ouvia casos, lamentos e confissões, ou o silêncio dos seres mau-humorados ou tímidos; ida da Penha à Lapa, de Copacabana ao Grajaú, do Farol da Barra a Itapuã, do Centro à Savassi, dependendo da cidade em que trabalhava. Era duro trabalhar 10, 12 ou mais horas por dia, mas levava uma graninha pra casa, nestes tempos difíceis de desemprego.

Tudo mudou, menos a mulher mandando.

Mas, de uma hora pra outra, o mundo parou. Ninguém sai mais às rua, não há mais passageiros para levar daqui pra lá e de lá pra cá. Não tem mais histórias ou estórias para ouvir, seguir por esta ou aquela via, dobrar à direita ou à esquerda. Nada de descobrir lugares novos. Tudo acabou, inclusive aquelas ordens virtuais.

Mas chegou a hora da verdade, da voz presencial, real a da mulher: varre a sala, lave a louça, troque a roupa de cama das crianças e põe pra lavar. Já colocou a ração do cachorro e a do gato? Limpou a gaiola das calopsitas? Levou o livro pra fora? Cuidado, quando voltar deixe os sapatos do lado de fora, lave as mãos e passe álcool gel antes de tocar nas coisas ou encostrar nas crianças.

Viram? Não tinha eu razão quando afirmei lá no título, que no Uber quem manda é a mulher?

chicolelis.