segunda-feira, 24 de junho de 2019

SERÁ QUE FOI MESMO O SACI?

 Isso aconteceu no campo de provas de  uma montadora 
no Interior de São Paulo, em meados dos anos 80. Entre os vários testes havia um para verificar se a vedação impedia a entrada de pó nos automóveis. Era feito com o que havia de melhor na época: uma picape seguia à frente, na estrada de terra, levantando toda a poeira do mundo.

Como? Arrastava uma espécie de trave "forrada" por folhagens e galhos de árvores, que causava o efeito  necessário para o teste de isolamento do veículo. A pista tinha cerca de 4 km de extensão, com pedregulhos, irregular. Perfeita para avaliações dos veículos em estrada de terra e a pesquisa em questão, pois a região é de pouca chuva e poeira lá é o que não falta.

Daí, o carro seguia a picape ou melhor, a poeira. Curvas para a direita, para esquerda, em frente, subidas e descidas. Tudo que a poeira fazia, o engenheiro do carro fazia igual.

Ao final, todo ele era analisado, interior, porta-malas, capô. Tudo mesmo, tal qual faz o pessoal do CSI na "cena do crime", só faltando mesmo o "Luminol", mas não era o caso de se descobrir sangue, e sim o pó que conseguisse furar o bloqueio projetado pela Engenharia da fábrica visando garantir o conforto e bem estar dos ocupantes do veículo.

Bem, seguindo as regras do campo de provas, o condutor do carro "perseguia" a poeira, sem enxergar absolutamente nada. Nada mesmo! Só o pó. Eu cheguei a acompanhar um teste desses. Algo assustador. 

Não havia problemas com aquele tipo de trabalho e, na maioria das vezes, a engenharia havia acertado a questão do isolamento, nem poeira o "testador" cheirava.

Só que, num dia qualquer, quando a picape virou para a esquerda, um vento forte soprou reto e a poeira, ao invés de seguir a picape, se lançou em frente, seguida pelo carro em teste, que foi parar num barranco. E o motorista da picape, inocentemente, também seguiu em frente só percebendo que  acontecera, quando na volta seguinte, viu o carro no barranco.

Por seu lado,  quem seguia a poeira, depois de soltar o cinto de segurança e, assustado, mas ileso, sem nem mesmo um arranhão, e também sem nada entender,  saiu do carro. E chegou à conclusão que fora uma apenas uma lufada, muito forte, de vento que provocara aquele problema.

Ficou esperando que fossem rebocar o veículo do teste. Como a pista ficava no meio do mato, ele chegou  até a pensar que aquilo talvez tenha sido uma traquinagem do Saci Pererê, que vez por outra aparecia lá por aqueles lados, como garantem os criadores de Saci da região. 

Será?




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